MP em Goiás move ação para suspender campanha publicitária da Copa
Órgão argumenta que a propaganda 'Copa das Copas' está 'absurdamente divorciada da verdade'
BRASÍLIA - A 17 dias do início da Copa do Mundo, o Ministério Público Federal em Goiás entrou com uma ação civil pública na Justiça para suspender a divulgação da campanha publicitária do governo Dilma "Copa das Copas". O MP argumenta que a propaganda está "absurdamente divorciada da verdade" ao anunciar que o torneio trará grandes benefícios aos brasileiros em função dos investimentos públicos que teriam sido realizados na infraestrutura e nos serviços públicos.
A ação foi protocolada no início da noite na 3ª Vara Federal de Goiás. O procurador da República Ailton Benedito de Souza, autor da ação, pede que a Justiça conceda liminar para suspender a divulgação da campanha em todos os meios de comunicação e, em caso de descumprimento de uma eventual decisão favorável, que a União pague multa diária de R$ 5 milhões.
Na ação, o Ministério Público lembrou o país foi escolhido sete anos atrás para sediar a Copa. Teve, segundo o órgão, "grande oportunidade e "tempo" para executar os planos de investimento para corrigir as mazelas da infraestrutura e dos serviços
"De fato, os brasileiros ficaram bastante esperançosos e que as obras da Copa, que consumiram bilhões de recursos públicos, proporcionassem um legado auspicioso, a ser usufruído nos anos vindouros pela sociedade, que, afinal paga a conta", argumenta o procurador da República, nas 50 páginas da ação.
Entretanto, o procurador da República afirmou que, diante da iminência da realização do evento, "vários empreendimentos projetados para o transporte público e o trânsito foram cancelados ou substituídos por outros de menor impacto, que, primeiro, não serão concluídos a tempo; e, segundo, visam, exclusivamente, mitigar os efeitos da desorganização, da falta de planejamento, da incompetência em executar o que se planejou, relativamente à infraestrutura e aos serviços voltados à realização da Copa, a fim de evitar que o pior".
O MPF em Goiás chama a campanha de ilícita por não ter nenhum "caráter educativo, informativo ou de orientação social". As peças, uma de 34 segundos e outra de 63 segundos, são estreladas pela jogadora de futebol Marta, que diz que "Todos ganham" e "Somos um" no evento.
Para o procurador, ao citar uma série de reportagens e fatos relativos à Copa na ação, é público e notório que houve "desperdício" de recursos públicos em obras que não ficarão prontas a tempo do Mundial. Ele diz ainda que a conclusão após a Copa também é bastante duvidosa, diante do término das "pressões" da Fifa, responsável pelo evento, da ineficiência dos investimentos públicos no Brasil e da tendência natural dos brasileiros ao esquecimento das promessas dos que lhes governam.
"Tudo a evidenciar a desorganização, a falta de planejamento e a ineficiência na execução, malgrado parcial, das obras que constituiriam, segundo se propalava nos idos de 2007, não somente a Matriz de Responsabilidades, como também o propalado "legado" da Copa para o Brasil e os brasileiros", afirma o integrante do MPF ao argumentar que, a despeito disso, o governo promove intensa campanha de marketing em torno do que "seriam suas maravilhosas realizações em prol da Copa e dos seus pretensos benefícios no Brasil".
Ailton Benedito de Souza lembra na ação que historicamente a Copa tem sido um "poderoso" instrumento de manipulação social, econômica e política, principalmente no Brasil, "o País do Futebol" e a "Pátria de Chuteiras".
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