Friday, March 28, 2014

FUNÇÕES DO iPHONE QUE POUCOS SABEM!


10 coisas que você não sabia que seu iPhone pode fazer

Existem algumas funções do aparelho que poucas pessoas conhecem. Selecionamos 10 e explicamos como usar. Confira

1. Fazer um código de acesso com letras, em vez de apenas números
- Vá em Configurações > Geral > Código de Acesso
- Desative a configuração que diz "Código de acesso simples"
- Uma tela vai aparecer pedindo para que você mude o seu código de acesso, com um teclado QWERTY completo.
Na próxima vez que você desbloquear seu telefone, o teclado vai aparecer, em vez de apenas o numérico.
2. O Siri pode ler os seus e-mails em voz alta (apenas para mensagens em inglês)
Diga ao Siri "read my email" ("leia meu e-mail") e ela obedecerá. Você ouvirá o nome do remetente, a data/hora da mensagem e o assunto da mensagem. Você também pode instruir "read my latest email" ("leia meu último e-mail") ou perguntar "Do I have email from [person]?" ("Eu tenho e-mail de [nome da pessoa]?")
3. Ver a hora e o dia em que uma mensagem foi enviada
Apenas deslize os balões com as iMessages e irá aparecer o indicador com a hora e dia que a mensagem foi enviada.
4. Saber quais aviões estão sobre sua cabeça
Pergunte ao Siri "What flights are above me?" ("quais voos estão acima de mim?") ou apenas diga "planes overhead"("aviões em cima") e ela irá mostrar um quadro com todos os aviões e os números dos voos, com suas altitudes e ângulos.
5. Balance o seu iPhone para deletar um texto
Você mudou de ideia sobre o que acabou de digitar? Balance o celular e uma caixa de "desfazer a digitação" vai aparecer. Se você mudar de ideia logo após clicar em desfazer, pode balançar o celular novamente e verá a caixa para "refazer a digitação".
6. Visualize facilmente uma versão mais detalhada do calendário
Vire o seu celular para o modo horizontal quando estiver no app do calendário, para ver uma versão mais detalhada dos compromissos.
7. Use o seu telefone como um nivelador
Deslize o app da bússula para a esquerda e você terá acesso a um nivelador.
8. Tire um conjunto de fotos de uma única vez
Ao segurar o botão de disparador da câmera, automaticamente você ativa a função que tira várias fotos de uma única vez.
9. Adicione vibrações personalizadas
No aplicativo de contatos, você pode ativar diferentes padrões de vibração para diferentes contatos; isso é bom para quem mantém o celular no bolso, então você poderá distinguir - sem usar as mãos - entre uma mensagem de texto ou um e-mail do seu chefe.
10. Coloque o telefone no modo avião e ele vai carregar duas vezes mais rápido
Ótima solução para quem precisa carregar o celular rapidamente em um bar.

Friday, March 21, 2014

iPhone 5S DICAS


iPhone 5S? Confira dicas para usar e tirar o máximo do smart


iPhone 5S é um smartphone top, desde os recursos até o preço. Por isso, é sempre bom aproveitar ao máximo das suas funcionalidades. Então, se você comprou um iPhone 5S, veja as dicas que o TechTudo separou para ajudá-lo a conhecer e utilizar todas as vantagens do recente gadget da Apple.
iPhone 5S, da Apple (Foto: Luciana Maline/TechTudo)iPhone 5S é o novo smartphone top da Apple (Foto: Luciana Maline/TechTudo)

Capturando fotos rápidas
É sempre muito prático usar a câmera do smartphone para fazer uma captura rápida em qualquer lugar. No caso do iPhone 5S, a plataforma iOS 7 possui alguns truques para agilizar o uso de sua câmera, começando pelo acesso a ela: basta tocar no ícone que fica na parte inferior direita da tela de bloqueio e arrastar para cima. Ou seja, você nem precisa desbloquear a tela do aparelho.
Câmera do iPhone pode ser acessada sem desbloquear a tela (Foto: Reprodução/Edivaldo Brito)Câmera do iPhone 5S pode ser acessada sem desbloquear a tela (Foto: Reprodução/Edivaldo Brito)
Na hora de capturar, você só precisa posicionar o aparelho e pressionar qualquer um dos botões de volume ou tocar no botão de captura do app Câmera. Observe que a captura for na horizontal, o lado dos botões de volume deve ficar embaixo, para que as imagens não fiquem de cabeça para baixo.
E se você quiser tirar uma série de fotos, toque e segure o botão do obturador da tela ou um dos botões de volume, para que seu iPhone 5S capture as fotos sequencialmente, a uma velocidade de 10 por segundo. O próprio app Câmera escolhe a melhor captura e agrupa as imagens, mas se quiser você pode ir nele e tocar em “Escolher Favoritas…”, para fazer sua seleção.
iPhone pode capturar diversas imagens para escolher a melhor (Foto: Divulgação)iPhone pode capturar diversas imagens para escolher a melhor (Foto: Reprodução/Edivaldo Brito)
Economizando a carga bateria quando ela já está perto do fim
Esse não é um problema apenas do iPhone, todos os smartphones consomem muita energia e suas baterias não duram muito quando alguns recursos estão ativos ou fazemos diversas ligações. Mas no caso do iPhone 5S, dá para economizar a bateria fazendo uns pequenos ajustes.
Por isso, quando a bateria do seu iPhone estiver acabando, desative as funções pesadas que não estiver utilizando. Por exemplo: o Wi-Fi, Bluetooth, os serviços de Localização (Privacidade> Serviços de Localização>), a rede de dados (3G e LTE, que ficam em Geral> Celular> 3G> e Geral> Celular> Habilitar LTE>, respectivamente), coloque ele no modo silêncio (Sons> Vibrar ao Tocar>/Sons> Vibrar quando Silenciado>), diminua ao máximo o brilho da tela, tire o brilho automático (Imagens de Fundo e Brilho>Brilho Automático>)  e desative a opção “Obter Novos Dados” do item “Mail, Contatos, Calendários”.
Desativando opções para economizar energia no iPhone (Foto: Reprodução/Edivaldo Brito)Desativando opções para economizar energia no iPhone (Foto: Reprodução/Edivaldo Brito)
Com essas alterações, você ainda pode receber chamadas, SMS e até mesmo se conectar usando EDGE. Mas se não precisar da função de telefone por um tempo, ative o modo avião usando a Central de Controle. Quando realmente precisar usar o pouco que ainda resta da bateria, volte e desative-o.
Para economizar muita energia, ative o Modo Avião (Foto: Reprodução/Edivaldo Brito)Para economizar muita energia, ative o Modo Avião e desligue recursos que não estiver utilizando (Foto: Reprodução/Edivaldo Brito)
Faça o iPhone parar de reproduzir a música depois de um tempo
Se você gosta de ouvir músicas quando vai para a cama a noite, mas muitas vezes cochila sem desligar o iPhone, você pode usar um timer para ajudá-lo a desligar a trilha. Para fazer isso, execute o relógio e toque em “Timer”. Em seguida toque no item “Ao Terminar”. 
Será aberta uma nova tela: deslize ela para baixo e toque em “Parar Reprodução”. Quando voltar a tela do Timer, defina um tempo (digamos 30 minutos) e pressione o botão “Iniciar”. Agora você já pode reproduzir qualquer música, que após o tempo escolhido, a reprodução terminará e você poderá dormir tranquilo.
Programando o Timer para parar a reprodução de músicas (Foto: Reprodução/Edivaldo Brito)Programando o Timer para parar a reprodução de músicas (Foto: Reprodução/Edivaldo Brito)
Como tirar proveito do co-processador de movimento M7
A Apple fez um grande negócio ao colocar um co-processador de movimento M7 e tirar do processador principal a responsabilidade de coletar dados de sensores do iPhone. Entretanto, ainda existem poucos aplicativos que aproveitam bem as possibilidades desse recurso. Mas se você quer usar essa função e acompanhar melhor suas atividades, aqui está uma lista rápida de aplicativos de fitness que trabalham com ele até o momento, são ele: Strava Run, Argus, Weather Run, Pedometer ++, e M7 Pedometer – Steps. Instale e veja qual deles pode ajudá-lo a se mexer e ainda usar todos os recursos do M7.
Aproveite melhor o m7 para monitorar suas atividades (Foto: Reprodução/Tecidentity)Aproveite melhor o m7 para monitorar suas atividades (Foto: Reprodução/Tecidentity)
Pare de digitar a senha da sua Apple ID
Embora pareça óbvio, é importante lembrar que com a chegada do Touch ID você não precisa mais ficar digitando sua senha para desbloquear a tela do iPhone 5S, ou até mesmo para fazer compras na App Store. Basta cadastrar seus dedos em “Ajustes”, “Touch ID e Código” e depois começar a usar. Com isso, só precisará digitar a senha quando reiniciar o aparelho ou fazer alguma verificação na AppStore. Mas nesses dois casos é por um motivo justo: mais segurança.
Use o Touch ID e pare de usar senha (Foto: Reprodução/Edivaldo Brito)Use o Touch ID e pare de usar senha (Foto: Reprodução/Edivaldo Brito)

Crie um efeito dramático nos vídeos gravados em câmera lenta
O iPhone 5S possui uma opção que permite gravar vídeo em câmera lenta ou Slow Motion. Basta carregar o app Câmera, tocar a tela e arrastar para a direita até que a opção “Cam. Lenta” fique sobre o botão de disparo. Toque o ícone para iniciar e parar a gravação normalmente.
Depois, você pode selecionar a miniatura na parte inferior esquerda para rever o seu vídeo. Além disso, nessa tela mesmo tela, é possível arrastar os marcadores na linha do tempo para determinar em qual trecho deseja que o efeito de câmera lenta inicie e pare. Com esse recurso você pode criar praticamente qualquer efeito dramático no seu vídeo. Experimente colocar umas partes em câmera lenta e outras em ritmo normal e você entenderá.
Escolhendo onde o vídeo deve ficar em câmera lenta (Foto: Reprodução/Edivaldo Brito)Escolhendo onde o vídeo deve ficar em câmera lenta (Foto: Reprodução/Edivaldo Brito)
Obtenha cópias gratuitas do iWork no seu iPhone 5S
O iPhone 5S vem com um pacote de aplicativos de produtividade gratuitos, incluindo PagesNumbers eKeynote. No entanto, você também pode conseguir o iMovie e iPhoto. Esses aplicativos costumavam ser pagos, mas agora você podem ser baixados gratuitamente, se você tiver um novo telefone. Para obter seus aplicativos iWork gratuitamente, abra a App Store, procure o aplicativo individual que deseja e faça o download dele.
Baixe o iPhoto e iMovie gratuitamente na AppStore (Foto: Reprodução/Edivaldo Brito)Baixe o iPhoto e iMovie gratuitamente na AppStore (Foto: Reprodução/Edivaldo Brito)
Melhorando as fotos capturadas com zoom
Normalmente quando ampliamos a imagem na hora de capturar com o iPhone, aparecem pontos nas imagem, porque é um zoom digital. Mas agora, com a melhora na câmera do iPhone 5S dá para conseguir ótimas fotos, mesmo usando o zoom.
Se deseja utilizar o zoom na hora de capturar, toque na parte especifica da imagem que quer ver em detalhes. Com isso, a câmera foca nessa área tornando a imagem mais nítida. Depois é só selecionar o botão de captura rapidamente, já que o foco em zoom muda com facilidade.
Combinar o zoom com o foco já permite capturar boas fotos (Foto: Reprodução/Edivaldo Brito)Combinar o zoom com o foco já permite capturar boas fotos (Foto: Reprodução/Edivaldo Brito)
Desative a Central de Controle na tela bloqueada
A função é válida caso você não queira correr o risco de um ladrão ou uma pessoa mal intencionada desativar o Wi-Fi, ou colocar o seu iPhone em modo avião, para impedir a localização dele. Para evitar isso, desative a central de controle na tela bloqueada. 
O procedimento é simples: basta entrar em “Ajustes”, “Central de Controle” e desativar a opção “Acesso na Tela Bloqueada”. Embora pareça sem sentido desativar um recurso que dá acesso rápido a várias opções, em determinadas situações de risco, essa ação pode ser útil.
Desativando o acesso a Central de Controle na tela bloqueada (Foto: Reprodução/Edivaldo Brito)Desativando o acesso a Central de Controle na tela bloqueada (Foto: Reprodução/Edivaldo Brito)
Ative e crie uma senha complexa
Antes do iPhone 5S, era impraticável usar uma senha complexa, já que toda hora era preciso digitá-la. Mas agora dá para fazer isso tranquilamente a chegada do Touch ID: você precisa usar a senha escrita apenas quando o aparelho é ligado ou se é feita alguma verificação do Apple ID. Portanto, vale a pena ativar a senha e criar uma bem complexa para impedir que alguém descubra e use seu aparelho. Para fazer isso, vá em “Ajustes”, “Geral”, “Touch ID e Código”, e desmarque a opção “Código Simples”. Em seguida faça a sua senha.
Desativando a opção código simples para criar senha complexa (Foto: Reprodução/Edivaldo Brito)Desativando a opção código simples para criar senha complexa (Foto: Reprodução/Edivaldo Brito)
Pronto. Seguindo essas dicas (conforme suas necessidades), você pode usufruir melhor de tudo que seu iPhone 5S pode oferecer e ainda terá mais segurança ao usá-lo.

Wednesday, March 19, 2014

CIÊNCIA DE UM MARATONISTA

Science of Marathon Running | It's Okay To Be Smart | PBS Digital Studios




A ciência constrói atletas

A corrida atrás de medalhas leva esportistas aos laboratórios. Fisiologia do esforço, biomecânica, psicologia, tudo vale na luta por centímetros ou décimos de segundo






A garota espevitada com jeito de moleque só queria saber de jogar handebol, pois adorava marcar gols. Nem mesmo o grupo de pesquisadores que apareceu em seu colégio, e descobriu uma força fenomenal nas suas pernas de 12 anos, a fez mudar de idéia. Handebol, diziam eles, era um desperdício de talento, já que a potência privilegiada daquelas pernas faria da garota uma ótima velocista ou jogadora de basquete. A paixão por marcar gols, no entanto, falava mais alto do que uma cesta. Foram necessários muitos conselhos de uma grande jogadora de basquete da época, Norma de Oliveira, a Norminha, para que a menina enfim resolvesse se aventurar em jumps e bandejas. O basquete brasileiro ganhou assim Hortência, uma das maiores jogadoras que já pisaram quadras em todo o mundo.
Assim como pode descobrir, entre meninos e meninas aparentemente iguais, quem deles tem corpo e jeito para se transformar num grande atleta, a ciência do esporte evolui a cada dia na arte de lapidá-los. Se o extraordinário negro americano Jesse Owens conquistou quatro medalhas na Olimpíada de Berlim, em 1936, na casa e na cara de Adolf Hitler, o fez simplesmente graças a seus músculos e talento. Às vésperas do Pan-Americano em Cuba e das Olimpíadas de Barcelona 92, os atletas, para subir ao podium, não dependiam apenas de exaustivos treinamentos dirigidos por seus técnicos, mas de minuciosos testes conduzidos por cientistas. É um trabalho requintado, a ponto de se prever como as fibras musculares irão conseguir energia em cada etapa de uma prova, ou em que segundo exato o atleta ficará cansado. O objetivo é sempre um só — rendimento máximo. Antes de se construir um ganhador de medalhas, porém, é preciso saber garimpar a melhor matéria-prima.O Brasil, um país de poucos campeões olímpicos ao longo de sua história, tem um trabalho um tanto artesanal para detectar talentos para o esporte.

Um deles foi elaborado pela equipe do Centro de Estudos e Laboratório de Aptidão Física de São Caetano do Sul (SP), o Celafiscs. Há dezesseis anos, o Celafiscs vem aplicando a estratégia Z, um modelo matemático que compara os dados de 15 000 pessoas de ambos os sexos e diversas faixas etárias aos de atletas de elite. É possível perceber, assim, o que um atleta tem que nós não temos. Com base nesses números, sabe-se por exemplo quanto um jogador de vôlei como Xandó salta acima da média da população. "Se um garoto de 14 anos tiver uma impulsão proporcionalmente tão boa, em relação aos outros da sua idade, é provável que se torne um bom jogador de vôlei", diz o médico esportivo Victor Matsudo, diretor do Celafiscs. É claro que boas pernas não bastam para prever que um garoto será um atleta de alto nível. Outras variáveis pesam, como coordenação motora, velocidade e até vontade treinar.As características corporais são tão importantes que, conhecendo-se quais são elas, é possível farejar um campeão. Foi o caso do judoca Aurélio Miguel, medalha de ouro na Olimpíada de Seul em 88. Aurélio possui não só uma circunferência de braço excepcional, como parece óbvio para um judoca, mas também um ótimo fôlego, que fez a diferença não tão óbvia a seu favor na final. "Esse é o segredo de Aurélio Miguel", revela Victor Matsudo.

"Embora as lutas de judô durem só cinco minutos, ele lutou quatro vezes naquela noite em que ganhou a medalha. Vence a final quem tem resistência para chegar à última luta em condições físicas quase tão boas quanto as da primeira"Detalhes como esse são a diferença entre o campeão e o vice. Para poder conhecer o organismo de um atleta e saber onde ele deve ser trabalhado, fisiologistas se valem de uma parafernália de laboratório com a qual desvendam a intimidade de um corpo em movimento. Um organismo nunca está em estado normal quando corre, pula, luta ou salta, já que todo exercício físico é uma sobrecarga ao corpo, provocando alterações bioquímicas, cardiorrespiratórias e musculares. Essas alterações fisiológicas indicam que a questão prioritária do corpo é obter energia para conseguir se manter em esforço.Se um atleta se cansa antes de a prova ou de o jogo terminar, os fisiologistas do esforço, analisando tais alterações, determinam com alto grau de precisão a causa da fadiga em hora imprópria. O corpo vai buscar essa energia em três fontes. A primeira é usada apenas em casos de emergência, porque dura pouco e vem das moléculas de ATP armazenadas nas células.

O ATP é uma espécie de bateria que está ali justamente para liberar energia rapidinho. Todo mundo usa ATP quando, sentado, levanta-se e começa a andar. Nos primeiros dois ou três segundos, o corpo usa o ATP armazenado, depois parte para a segunda forma de obtenção de energia, a transformação da glicose presente no sangue e nos músculos em mais ATP. Um velocista como Carl Lewis, na competição dos 100 metros rasos, que dura menos de 10 segundos para quem chega na frente, não tem tempo sequer para transformar a glicose.Se em lugar de Carl Lewis estiver na pista o brasileiro Joaquim Cruz, especialista na prova dos 800 metros, seu corpo vai, depois dos momentos iniciais, entrar no terceiro jeito de conseguir força para continuar correndo. O método agora é decompor combustíveis energéticos, como gorduras, carboidratos e proteínas, para ter como resultado gás carbônico, água e principalmente energia. Para que esse processo aconteça, é necessária a presença do oxigênio, que vai "queimar" os combustíveis.O cenário dessa reação é a mitocôndria, uma organela em formato de feijão que existe às centenas em cada célula e faz o papel de uma usina. Enquanto o atleta respira fundo e suas células consomem oxigênio, ele está na chamda atividade física aeróbia.

"Essa é a forma mais eficiente de um corpo conseguir energia, pois os músculos trabalham melhor e durante mais tempo", conta Carlos Eduardo Negrão, fisiologista da Escola de Educação Física da Universidade de São Paulo e integrante da Seleção brasileira de vôlei no inicio dos anos 70. 0 único inconveniente desse sistema é a semelhança com o carro a álcool: demora a esquentar. As usininhas celulares só começam a produzir energia a pleno vapor depois de alguns minutos do corpo em esforço.Porém, se por algum motivo o oxigênio inspirado pelo atleta não é suficiente para permitir a queima dos combustíveis, seu organismo apelará para a atividade anaeróbia. É a repetição do segundo estágio, quando a glicose é transformada em ATP, e é aqui que começam os problemas. Embora tenha a vantagem de proporcionar energia rapidamente, o que se torna necessário quando o corpo precisa de mais força do que as mitocôndrias são capazes de gerar, a atividade anaeróbia tem um efeito colateral — o ácido lático. Temida por atletas, técnicos e preparadores físicos, essa substância, sobra da decomposição da glicose, impede a contração muscular, provoca dores e, o que é pior, deixa o sangue ácido.Atrapalhando a produção de elementos bioquímicos que fazem cada fibra muscular se dobrar (por troca de cargas elétricas), e além disso irritando sensores nervosos da dor, o ácido lático leva o troco do corpo.

O contra-ataque vem na forma de uma série de bicarbonatos, que o transformam em água e gás carbônico. Isso resolve o problema dos músculos, mas não o do sangue. Acontece que o gás carbônico continua a aumentar a acidez sanguínea, um verdadeiro desastre para o bom funcionamento das células, especialmente as nervosas. Tamanho seria o estrago provocado pelo sangue ácido, que existem células na carótida e na aorta, as duas maiores artérias do corpo humano, encarregadas exclusivamente de vigiar o seu pH (indicador de acidez).Assim, quando o sangue se torna ácido, essas sentinelas nervosas advertem o cérebro para tomar as devidas providências. "A respiração torna se então acelerada e o atleta fica ofegante", diz Negrão. "Mas isso não ocorre porque seus músculos pedem mais oxigênio, como pode parecer à primeira vista, e sim porque é necessário expulsar o excesso de gás carbônico", explica.Esse momento é flagrado em laboratório quando um atleta, pedalando ou correndo numa esteira rolante, é ligado a um aparelho computadorizado que desenha gráficos coloridos. Neles, Negrão acompanha alterações, como freqüência cardíaca, volume de ar respirado, consumo de oxigênio e volume de gás carbônico expirado.

Esse aparelho — só existem dois no Brasil — revela particularidades fisiológicas impossíveis de ser detectadas sem ele. Às vezes, um atleta tem uma ventilação adequada, ou seja, respira um volume ideal de ar. "No entanto, ao calcular a pressão dentro dos pulmões, o aparelho indica se aquele atleta está levando para o sangue todo o oxigênio que inspirou", avalia Negrão. Mesmo que seu sangue receba montes de oxigênio, ele tem ainda outro limite, conhecido como VO2, que determina o volume máximo desse gás que suas células conseguem transformar em energia.Em outro exame importante, uma única gota de sangue do atleta retirada do lóbulo da orelha ou da ponta do dedo, é colocada num aparelho que indica a quantidade de ácido lático. Somada essa informação aos dados do gráfico, sabe-se em que momento o atleta passou a recorrer ao processo anaeróbio, ou seja, cansou — e isso costuma acontecer um pouco antes de seu organismo alcançar o chamado limiar aeróbio, o consumo máximo de oxigênio. É nesse ponto do esforço que o atleta deve trabalhar durante os treinamentos. Se passar desse limite, seu corpo não agüentará; se ficar abaixo dele, pode gastar horas correndo nos treinos, mas sua condição física não sairá do lugar.No caminho que leva uma promessa de campeão até o podium, contudo, a evolução do preparo físico chega na melhor das hipóteses a 20%.

Por isso, é inútil preparar um maratonista para disputar uma Olimpíada se o seu consumo máximo de oxigênio é 60 mililitros por quilo por minuto. O fisiologista Antonio Carlos Silva, da Escola Paulista de Medicina, que há quinze anos se dedica à avaliação de atletas, deparou com esse caso. "Um treinamento de êxito condicionaria aquele maratonista a consumir 72 mililitros por quilo por minuto, quando sabemos que um maratonista de nível internacional supera 75", lembra Silva. O brasileiro em questão estaria derrotado antes mesmo do tiro de largada.Nem sempre, porém, a capacidade de consumir oxigênio é o fator limitante da performance. Um atleta pode consumir mais oxigênio do que outro, mas. seu adversário talvez demore mais tempo para fabricar ácido lático, um freio para os músculos, que começa a ser liberado antes de o organismo esgotar suas possibilidades de buscar energia no oxigênio. Na arrancada final embora tenha menor capacidade aeróbia, o adversário tem menos acidez no sangue e está menos cansado— o que pode se traduzir em vitória. Por isso, o objetivo do treinamento pode ser empurrar o início da produção de ácido lático cada vez mais para perto da linha de chegada, se possível para além dela.Vários motivos podem atrasar a entrada do ácido lático na jogada. Parte do ácido é transformada nos próprios músculos em substâncias inofensivas.

Esse processo pode ser acelerado por algumas enzimas, cuja produção será tanto maior quanto mais o músculo for requisitado. "Existem evidências, porém, de que a capacidade de gerar enzimas também é determinada geneticamente", observa Antonio Carlos Silva. Portanto, já do berço, algumas pessoas trazem essa marca de atleta. No treinamento, a repetição interminável de movimentos em determinados músculos tem no retardamento da produção de ácido lático a razão de ser. Numa tentativa de atender à demanda implacável, as mitocôndrias das células se multiplicam. Resultado: a capacidade de gerar energia com oxigênio aumenta. Como se não bastasse, doses cada vez maiores desse gás são servidas aos músculos. Isso porque o desenvolvimento muscular é acompanhado pelo crescimento de minúsculos vasos capilares, que levam sangue oxigenado a domicílio. Na comparação do fisiologista Silva, "é como se as fibras musculares ganhassem um sistema de transporte de entrega rápida". Além disso, o exercício constante amplia as câmaras do coração do esportista. Isso aumenta o que os cientistas chamam de déficit cardíaco, o volume de sangue bombeado pelo coração em cada batimento. No auge do esforço, a freqüência cardíaca de um atleta em relação a uma pessoa sedentária, do mesmo sexo e idade, deve ser muito parecida, mas o coração bem treinado empurra muito mais sangue de uma só vez.

Moral da história: o músculo do atleta aproveita mais o oxigênio, que chega em quantidades maiores e num tempo menor.Retardar a produção do ácido lático, porém, não é a estratégia ideal para todas as modalidades esportivas. Isso é muito bem adequado às atividades que exigem resistência, chamadas aeróbicas, como as provas de fundo em atletismo, natação ou ciclismo, e as partidas de basquete, vôlei ou futebol. Nos músculos desses atletas predominam as fibras lentas, que se contraem sem muita força, mas agüentam um trabalho prolongado. Já provas anaeróbicas, como os 100 metros rasos e saltos e arremessos no atletismo, ou ainda levantamento de peso, que exigem mais força do que movimento, dependem da capacidade dos músculos de estocar energia na forma de glicose. E ela o combustível preferido pelas fibras musculares rápidas, que se contraem com muita força, mas se cansam facilmente.Fica patente que os atletas são feitos sob medida para seu esporte. Enquanto os que precisam de resistência são preparados para chegar ao fim da prova ou do jogo antes que o cansaço os alcance, os que dependem da força são treinados para ganhar massa muscular, a fim de ter maior reserva de energia. Mas no esporte de alta performance, onde centímetros ou centésimos de segundo valem a vitória, os talentos naturais pouco valem se não forem levados ao limite pela ciência do esporte. Nem adianta apenas treinar, o que na opinião de Valdir Barbanti, professor da USP e preparador físico da Seleção brasileira de basquete, é simplesmente uma repetição dos movimentos certos. Se o atleta os fizer de forma errada, não evolui.
É por esse motivo que há cerca de trinta anos se desenvolve outra forma de trabalhar esportistas de alto nível, a biomecânica. Ao contrário da fisiologia, que investiga as mudanças por dentro do corpo, a biomecânica se preocupa com os aspectos externos, ou os movimentos e comportamento dos músculos durante uma competição. O ponto de partida é a antropometria, um cálculo da massa corporal segundo um modelo matemático que serve para determinar, entre outros parâmetros, o centro de gravidade do corpo — um dado fundamental quando se estuda movimento.
Mais complicada é a eletromiografia, uma técnica que permite ao pesquisador da biomecânica saber quais os músculos ativos em cada passo de um atleta. Como o músculo se contrai por troca de cargas elétricas, é possível saber se ele está em repouso ou fazendo força com o eletromiógrafo, um aparelho ligado ao corpo que capta a freqüência desse sinal elétrico. O eletromiógrafo envia o sinal a um computador e tem-se como resultado um gráfico com linhas semelhantes ao de um eletrocardiograma.Fundador do recém-criado laboratório de biomecânica da Educação Física da USP, o professor Alberto Carlos Amadio exemplifica a aplicação da eletromiografia ao estudo do salto triplo: "Sabendo quais músculos das pernas um triplista ganhador de medalhas usa em cada fase do salto, e quais ele deixa inativos, temos um modelo da ação dos músculos num salto ideal". Um atleta que aparentemente faz o movimento certo, mas deixa contraídos músculos que deveria relaxar, ou vice-versa, é flagrado em erro por esse método.A terceira área da biomecânica é a dinamometria, o estudo das forças de reação do solo ao impacto do corpo.

Ela é medida pela plataforma de força, uma placa de aço sustentada por quatro pequenos aparelhos sensíveis a pressão. Ligada também a um computador, a plataforma dá os gráficos de três forças toda vez que alguém pisa ali: vertical, para baixo; horizontal, no sentido do movimento; transversal, lateralmente ao movimento. Por fim, a cinemetria analisa a posição das partes do corpo no espaço. Isso é feito com câmaras de vídeo ou filme, que registram imagens posteriormente digitalizadas e passadas a um computador.A rotina de treinos e competições sobrecarrega não só o físico de um atleta, mas também sua cabeça. O preparo psicológico, por isso, cada vez mais decide o jogo a favor de quem o tem. Ele se resume a características psicofisiológicas treináveis como músculos: atenção, concentração, percepção, memória, pensamento, sentimentos e emoção. As técnicas são variadas, desde pedir a um jogador de tênis que fixe o olhar numa bolinha por cinco minutos, até criar num jogador o hábito de visualizar a partida desde o dia anterior para entrar na quadra psicologicamente "aquecido"."A preparação psicológica é tão importante quanto a física", garante a psicóloga Regina Brandão, coordenadora do setor de psicologia do Celafiscs.

"Nenhum atleta perde condicionamento físico de repente - somente a variável psicológica afeta a performance de um dia para o outro", constata. Numa Olimpíada, em que os competidores disputam várias provas eliminatórias e depois as finais, a cabeça precisa estar em ordem todo o tempo, por vários dias. Não é à toa que a normalmente inabalável frieza dos atletas soviéticos e dos países do Leste europeu os levou muitas vezes ao topo do podium - a tradição da psicologia aplicada ao esporte, na União Soviética. é centenária.Nenhum adversário conseguiu derrotar os gélidos atletas da antiga Cortina de Ferro como seu próprio destino histérico, o fim dos governos socialistas. "Quando ruiu o sistema político, ruiu o sistema científico-esportivo sustentado por ele", analisa Alberto Carlos Amadio, que estudou por cinco anos na Universidade de Colônia, na Alemanha. O modelo mais eficiente de fabricação de medalhistas de ouro foi levado a cabo pela ex-Alemanha Oriental com o Instituto de Leipzig, uma fábrica de esportistas finamente talhados por mais de 600 pesquisadores, que hoje está às moscas. "Com o fim da guerra fria entre Ocidente e Oriente, as perguntas que se fazem agora são: para onde vai o esporte de alto nÍvel, e para que somar medalhas numa Olimpíada?", especula Amadio.