Tuesday, July 1, 2014

O REAL DE FHC A DILMA


O aniversário do real e o valor do dinheiro. 

real
Os jornais publicam  matérias mostrando que a nota de 100 reais, lançada no Plano Real, por Fernando Henrique Cardoso, hoje vale apenas R$ 22.
É verdade! Então vamos fazer as contas?
A inflação, claro, come o valor do dinheiro.
Então, vamos lá na “Calculadora do Cidadão” do Banco Central ver como foi este processo de desvalorização, para saber quanto aquela nota perdeu em cada governo.
Mas não esqueça de fazer a outra conta, tão importante ou mais, que é a de quanto dinheiro (o de papel e o verdadeiro, que é o seu poder de compra) recebe.
Acompanhe com atenção.
A azulada pelega de 100 de FHC, em fevereiro de 2002, oito anos depois de sua estréia, tinha sido vítima de uma inflação de 143,3%.
Para comprar o mesmo que os 100 reais de 94,  seriam precisos 243,29 reais.
A nota de 100, portanto,  valia  41,11 reais.
No governo Lula, aqueles R$ 41,11 também perderam valor, é claro.
Até fevereiro de 2011 – iguais oito anos – a inflação pelo IPCA foi de 65,37%.
E a cédula de R$ 100, que já começou este período valendo somente R$ 41,11, desvalorizou-se para R$ 24,85.
No governo Dilma, com a inflação de 19,74% acumulada até fevereiro e mais 6% de inflação estima da até fevereiro de 2015, a perda será de 27,1%, aproximadamente.
O que faria aquela nota de R$ 100, que FHC transformou em R$ 41, que baixou com Lula a R$ 25, vá chegar, ao final do período Dilma, valendo R$ 19,56.
Se eu fosse fazer uma conta desonesta – não sei onde já se viu fazer contas desonestas na imprensa brasileira, né? – poderia dizer que Fernando Henrique tirou 59 reais da nota, ou R$ 7,37 por ano, enquanto Lula tirou bem menos, 26 reais ou R$ 3,66 por ano, e Dilma, em quatro anos, perto de R$ 4,50, ou R$ 1,10 por ano.
Mas não é assim que se avalia, exceto quando se quer fazer comparações desonestas.
O certo é dizer que FHC fez a nota perder 59% de seu valor, ou seja 6 por cento ao ano, em oito anos.
Que Lula assistiu a uma redução de 39,4% do seu valor, em oito anos, o que dá  4,2% ao ano.
E que Dilma a viu reduzir-se em  21,3%, ou 4,9% ao ano, em quatro anos.
Um pouco acima de Lula, bem abaixo de FHC.
Agora, a trajetória do dinheiro real, para milhões de trabalhadores, aposentados, pensionistas e avulsos: o salário mínimo.
No final do Governo FHC ele era pago com duas daquelas notas de cem reais que, como vimos, valiam R$ 41,11. Então, em valor deflacionado, valia R$ 82,22.
A história de que Fernando Henrique deu ganho real ao salário mínimo está apoiada precariamente no fato de ele ter “herdado” quatro meses de salário a R$ 80, fixado por ele mesmo no finzinho do Governo Itamar Franco.
Já no final do Governo Lula, em 2010, o salário mínimo era de R$ 510, ou pouco mais que cinco notas de cem. Como, no fim deste período, cada uma destas notas tinha valor real de R$ 25, isso equivalia, em dinheiro “forte” do início do real a R$ 127, 50, ou 55% mais do que aqueles R$ 82,22 que Fernando Henrique deixou como herança.
E com Dilma, o que temos hoje?
O salário mínimo passa de sete notas de cem: 7,24 delas, precisamente. Como cada uma delas valerá R$ 19,56, isso dá R$ 141,61, sempre naquele “real forte” do início do plano.
Em percentagem: 11% mais que no final do Governo Lula e 72% mais que no final do Governo Fernando Henrique.
Esta é a verdadeira medida do poder de compra.
Não apenas o da moeda, mas o da moeda que se recebe.
O que, no caso de quem trabalha, chama-se salário.
Mas salário não é santo do altar dos nossos economista, mais devotos do “santo tripé” macroeconômico, não é?

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